sexta-feira, 20 de julho de 2012

Ciência?

Eu adoro sebos. Conheço quase todos em minha cidade e em algumas outras por aí a fora.
Hoje com a internet e a estante virtual, confesso que tenho um pouco de preguiça de ir para a rua a procura de um bom livro. Mas nada substitui o prazer de encontrar aquele livro que se está procurando há tempos, ou ainda a descoberta de algum livro que fale sobre um assunto que me interessa. De certa forma sinto saudades dos tempos pré internet, dos sábados de manhã em que fazia minha peregrinação pelos sebos e livrarias do centro de Curitiba, aproveitando para tomar um café e descontrair.
As grandes livrarias estão tomando conta do mercado literário das grandes cidades e tenho a impressão de que estão ficando todas com a mesma cara, com o acervo da moda, de certa forma, com o lixo literário de leitura fácil. Sei que os títulos em português são limitados, perto do mercado em inglês ou espanhol. Mas ler nestas línguas não proporciona o mesmo prazer, embora seja um exercício para o domínio das mesmas.
Os sebos, ao contrário, são como seleções do que há de melhor, pois os donos geralmente só compram o que realmente tem valor, e acabamos encontrando verdadeiras relíquias por preços bem moderados.
Acho divertido o fato de que existe na maioria dos sebos uma estante ou seção chamada de Ciência. Você vai encontrar de tudo lá, menos ciência. Na verdade encontram-se nestes locais as pseudociências: ufologia, cristais, Atlântida e todo tipo de baboseira, nada com comprovação científica, que possa seriamente ser chamado de ciência.
Engraçado? Nem tanto, isso mostra que existe um interesse grande por esse tipo de, vamos dizer, ... leitura.
Este tipo de material normalmente é de péssima qualidade. Tive a pachorra de ler algumas páginas de diversas publicações deste tipo, encontrei muitas afirmações e “verdades” que não possuem o menor fundamento, são colocadas sem cerimônia ao gosto do autor.
O brasileiro Lourivaldo Peres Baçan, por exemplo, publicou mais de 900 livros e livretos, muitos como escritor fantasma, usando pseudônimos, até com o gênero trocado. Escreveu sobre os mais variados assuntos: romances, erotismo, palavras cruzadas, charadas, passatempos, literatura infantil, passatempos infantis, horóscopos, esoterismo, simpatias populares, rezas, orações, intenções, anjos, fadas, gnomos, elementais, amuletos, talismãs, estresse, manuais práticos, religião e livros de bolso com os mais diversos temas, além de letras para músicas.
Sem querer retirar dele o mérito de tal feito, imagine o conteúdo de algumas destas publicações chamadas de ciência.
Distinguir ciência verdadeira de imitação barata pode dar um pouco de trabalho, mas a realidade é muito mais interessante que a ficção.

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