quinta-feira, 24 de maio de 2012

Dois mistérios sensacionais da física moderna:

Até meados da década de 1990 tínhamos uma dúvida básica sobre o universo. A questão era se o mesmo teria suficiente massa para frear o movimento de expansão e contraí-lo até um novo ovo cósmico ou se a massa seria insuficiente e a expansão aconteceria para sempre.

A primeira opção provavelmente iria gerar um novo big bang e assim pulsando, o universo se renovaria a cada período da ordem de dezenas ou centenas de bilhões de anos.
Esta questão acabou após dois estudos de 1998 baseados em supernovas que constataram que a expansão do universo é acelerada, ou seja, em vez de a atração gravitacional entre as galáxias estar freando a expansão, esta, na verdade, está acelerando. A velocidade de afastamento cresce com o tempo! (rendeu o premio Nobel para os 3 responsáveis pela descoberta).
Que força é esta que acelera as galáxias se não existe nada lá para causar isso?
O mais incrível é que vemos galáxias se atraindo normalmente, aqui mesmo no grupo local, do qual faz parte a nossa Via Láctea. Parece que numa escala extremamente macro, as leis da gravidade não se aplicam, ou existe algo que nem temos conhecimento e que causa esta aceleração. Os cientistas chamam este “algo” de energia escura, pois não querem considerar que a gravidade não se comporte sempre da mesma forma. Eu tenho cá minhas dúvidas a esse respeito, mas sou apenas um engenheiro. Penso que uma reversão da gravidade pudesse explicar isso, mas isso seria tão fantástico quanto a própria existência da expansão acelerada.
Outra grande questão é na escala oposta, no mundo extremamente micro da física quântica, mas que pode ter um impacto na escala macro. Após a teoria da relatividade, ficou patente que nada pode se deslocar mais rápido que a luz, nem fisicamente nem informação.
Os cientistas então utilizaram luz para provocar um entrelaçamento entre dois átomos - um fenômeno pelo qual dois átomos, depois que se chocam, passam a compartilhar as mesmas propriedades quânticas. E quando a propriedade de um átomo é alterada, o outro reage instantaneamente e tem seu estado quântico alterado também. Detalhe que, em teoria, um deles poderia estar do outro lado da galáxia e a alteração seria instantânea! Na China já se conseguiu fazer isso a até 97 km, o recorde anterior era de 16 km. Os cientistas chineses planejam fazer isso agora no espaço com o uso de satélites, atingindo assim distâncias bem maiores.
O interessante do conhecimento é que quando parece que tudo está sendo equacionado, surgem surpresas como estas que mostram que na verdade não sabemos nada. Quanto mais estudamos, mais temos noção da nossa própria ignorância. Mas o legal é isso, aparentemente a pesquisa será sempre fascinante e os resultados inesperados. Isso torna a vida muito mais divertida, não concorda?

domingo, 20 de maio de 2012

Arthur C. Clarke:


Ficção científica normalmente tende para o fantástico ou a falta de conexão com a realidade. Quem não se lembra do som de tiros de laser no vácuo em Guerra nas estrelas ou do teletransporte em Jornada nas estrelas. Supondo que fosse possível o teletransporte, quem ia encarar, sabendo que será exterminado para a geração de uma cópia? É lógico pensar que uma vez transformado em sinal eletromagnético ou o que quer que seja, o que nasceria na outra ponta não seria nada mais que uma cópia e não a pessoa de fato. Pense que com esta tecnologia seria possível gerar vários a partir do original em diferentes lugares, logo é de se deduzir que seriam cópias
Bom, Arthur Clark não compartilhava destas fantasias, ele escrevia respeitando as leis da física e a realidade. De toda a sua obra, três livros primam pela excelência: O fim da infância, 2001: uma odisséia no espaço e Encontro com Rama. Estes dois últimos geraram uma série de 4 livros cada.

O fim da infância é desalentador. Apesar de muito bom, não recomendo para quem está começando em ficção científica. Este livro nos deixa com uma sensação de perda, sensação que só se compara a Tau zero de Paul Anderson.

2001 é um livro que nasceu a partir do roteiro do filme (normalmente é o contrário) e na sequência foram escritos 2010, 2061 e 3001, estes dois últimos tive de importar, pois não havia, na época, edição em português. Hoje já existe. O filme 2001 é diferente do livro em alguns aspectos, no filme a viagem é para Júpiter e no livro é para a lua Japetus de Saturno. Este livro prende a atenção já no primeiro parágrafo, é muito interessante e possui um ótimo argumento. O conto O sentinela do autor é que deu a idéia para o livro/filme.

A série toda é muito boa, mas o primeiro é imperdível, esqueça o filme, o livro está muito acima. A genialidade do escritor se traduz, por exemplo, em um dos maiores saltos de tempo da ficção, de nosso passado ancestral para o futuro repleto de tecnologia.

Encontro com Rama também possui um argumento genial. Na época também tive de importar os dois últimos e ler em Inglês, o que não é a mesma coisa. Hoje já são encontrados em português.

Na sequência do primeiro temos: O enigma de Rama, O Jardim de Rama e A revelação de Rama. Estes três últimos com a contribuição de Gentry Lee.

Os livros de Arthur Clarke são densos e cheios de informações corretas a respeito de física e da realidade. A leitura de suas obras desperta a curiosidade e ensina sobre coisas as quais não aprendemos na escola, mas que enriquecem o nosso conhecimento e nos deixam maravilhados com o Universo.

Ele foi mais que um escritor de ficção científica. Foi o primeiro a sugerir um satélite em órbita geoestacionária e propôs a construção do elevador espacial, que hoje com a evolução dos materiais baseados em carbono, sua possibilidade está sendo considerada seriamente pela comunidade científica. Esta idéia foi explorada em seu livro As fontes do paraíso.

Ainda existem muitos títulos deste autor sem tradução para a nossa língua, o que é lamentável.

Cansado de ser sondado pelos repórteres se ele seria o melhor escritor de ficção científica do mundo, melhor que Isaac Asimov (Asimov também tinha de conviver com esta recorrente pergunta), combinou com ele que cada vez que um deles fosse questionado a esse respeito, afirmaria que o outro seria melhor.

Além de tudo era um cara divertido, adorava mergulhar e para isso foi morar no Sri Lanka (Ceilão) já em 1956.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

O sobrevivente do pacífico:

Há muito tempo, quando comprei esse livro em um sebo, achei que tratava da história de um náufrago, porém o sobrevivente no caso é um porta-aviões. E diga-se de passagem, foi o único porta-aviões americano que sobreviveu a toda a segunda guerra mundial. O livro conta a história do Porta-aviões Enterprise no teatro de operações do Oceano Pacífico durante a guerra.

Com este tema pode parecer que a narrativa é um tédio, mas pelo contrário, é muito interessante, cheia de ação e tensão. O desenrolar da saga prende atenção a ponto de não se querer parar de ler. Bom, pelo menos para quem gosta do tema como eu!
Não desanime pela capa, concordo que é bem fraquinha, mas a edição é antiga, de uma época em que não havia muita sofisticação e o desenho ficou bem artificial.
O conteúdo, porém, é rico baseado em farta documentação, relatórios e entrevistas com inúmeros soldados, tanto americanos, quanto japonêses.
A odisséia do Enterprise começa em Pearl Harbor no Havaí e termina em Okinawa no Japão, mas o percurso é muito tortuoso, repleto de dramas, emoção e muita informação.
O autor Georges Blond foi um francês meio maldito no seu país por suas tendências nazi-fascista equivocadas, no entanto deixou muito material publicado, grande parte de excelente qualidade.


 
O Enterprise só não participou de duas das 20 batalhas principais do Teatro de Guerra do Pacífico. Seus aviões e baterias antiaéreas derrubaram mais de 900 aviões inimigos e seus bombardeiros afundaram mais de 70 navios e danificaram ou destruíram outros 190. Era temido pelo inimigo pois seu histórico era de extrema eficiência.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Socotra:

Imagine você acordando em um lugar com uma língua própria e com uma paisagem bizarra como essa.





Este patrimônio natural da humanidade é encontrado no arquipélago de Socotra no oceano Índico, na entrada do Mar Vermelho. É administrado pelo Iêmen e é formado por uma ilha maior (3625km²), 3 ilhas bem menores e algumas pequenas ilhotas. A flora possui cerca de 240 plantas endêmicas de um total de 800. O regime de chuvas é fraco, os ventos intensos e o calor elevado. As plantas se desenvolveram nesta condição e como não existem em nenhum outro lugar, a possibilidade de extinção é grande.





Portugal chegou a construir um forte em uma das ilhas no início do século XVI, mas este se mostrou de pouca utilidade e foi abandonado logo a seguir.

A passagem para o Iêmen com partida em Guarulhos custa a partir de R$ 3.125,00 via Istambul (1 escala) e os pacotes para a visitação ao arquipélago custam apartir de US$ 335,00 por pessoa, chegando a reduzir para US$ 170,00 por pessoa, se for um grupo de 4 pessoas. São pacotes de 4 dias com direito a transfer, estadia em hotel 3 estrelas, comida, bebida, transporte para Socotra e licença que é necessária para a visita ao arquipélago.

domingo, 13 de maio de 2012

Impulso gravitacional:

A sonda New Horizons lançada em janeiro de 2006 está a caminho do sistema Plutão e Caronte para estudar estes dois corpos celestes. Será a primeira vez que um objeto feito pelo homem viaja a este planeta, planetóide, TNO ou como o queira chamar.

Em viagens interplanetárias é sempre interessante usar algum planeta no caminho como auxílio gravitacional para incrementar a velocidade e diminuir o volume de propelente e temos ainda de considerar que a atração gravitacional do sol vai freando a sonda ao longo de todo o caminho.
Nada melhor do que Júpiter para esta estilingada, pois é de longe o maior planeta do sistema solar. Este encontro com o gigante gasoso ocorreu em fevereiro de 2007 e aumentou a velocidade da sonda em 4 Km/s em relação ao sol.

Mas como funciona este impulso gravitacional?
Procurando na internet encontrei um monte de bobagens explicando de forma equivocada ou incompleta como isso ocorre, então resolvi postar aqui como funciona.
Em primeiro lugar temos de considerar a lei de conservação de energia, então para que se consiga o aumento de velocidade, alguém tem de pagar o pato! Este alguém é o planeta que será usado. É possível fazer diversas manobras na aproximação de um planeta, conforme o efeito que se deseja obter. Pode-se diminuir ou aumentar a velocidade e ainda mudar a direção radicalmente, inclusive jogando o objeto para fora da eclíptica (caso da Ulisses, sonda enviada em uma órbita fantástica para estudo dos polos solares com o auxílio de Júpiter). Para cada efeito desejado a aproximação deve ser feita de determinada maneira. Se quisermos diminuir a velocidade deve-se passar em frente ao planeta, se queremos aumentar a velocidade, deve-se passar atrás do mesmo. Quando se passa atrás do planeta o mesmo é atraído para a sonda da mesma forma que a sonda é atraída para ele, como o planeta tem uma massa extremamente grande, sua perda de velocidade é insignificante, já o incremento de velocidade da sonda é significativo. Parte do momentum do planeta é transferido para a sonda. Júpiter tem uma velocidade de aproximadamente 13 km/s e quando a sonda passa atrás dele é “arrastada” pelo planeta, incrementando sua velocidade, ou seja, a sonda “cai” sobre o planeta, mas como este está em movimento ele foge e a sonda acaba passando sem cair de fato, mas com a atração aumenta sua velocidade.

A New Horizons deverá chegar a Plutão em Julho de 2015 e sem a ajuda de Júpiter demoraria de 2 a 4 anos a mais. Logo após passar por Júpiter a sonda estava a 27 km/s e freada pelo sol deverá chegar a plutão a 14 km/s, velocidade ainda muito alta para entrar em órbita.
Após estudar Plutão e Caronte em uma única passada, a New Horizons seguirá em direção ao Cinturão de Kuiper onde deverá pesquisar alguns objetos deste cinturão. Esta parte da missão pode durar até uma década.
Veja no gráfico abaixo os benefícios conseguidos pela Voyager 2 em incrementos de velocidade adquiridos dos diversos planetas do sistema solar ao longo de sua viagem. Pode-se ver pelo gráfico que a Voyager 2 não conseguiria sair do sistema solar sem o uso de impulso gravitacional.

File:Voyager 2 velocity vs distance from sun.svg

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Led Zeppelin:

Qual o segredo destes dinossauros do rock e qual a razão de gostarmos tanto da música deles?

Afinal as letras, salvo algumas exceções, não primam pela poesia, nem são tão originais assim (algumas são regravações de blues pré-históricos).
Fazendo um paralelo com a atração amorosa ou sexual, poderíamos dizer que é aquela química de que se fala tanto, mas isso seria uma simplificação, na verdade uma falta de explicação.
Tentando dissecar esta questão, posso dizer que um diferencial é a base. Esta é firme, decidida e imponente. O conjunto baixo / bateria se faz presente como em nenhuma outra banda, são destacadíssimos e isso remete ao nosso instinto primitivo, nos faz bater o pé na cadência da música e envolve nosso corpo todo nesse ritmo. Se isso já embriaga a alma, quando a guitarra se faz presente ela pode viajar em solos deliciosos, pois a base está lá segurando as pontas, enquanto Jimmy Page pode passear pelos acordes que lhe der na telha e criatividade nunca faltou ao rapaz. Coroando tudo, a voz potente de Robert Plant casa perfeitamente, fechando a conta.

Mas tem mais. O diferencial deste grupo está também na riqueza de ritmos que eles conseguem fazer. Certos grupos renomados fazem músicas, que acabam todas, ou quase todas, ficando mais ou menos com a mesma cara, como por exemplo, o U2 (posso ser apedrejado por isso! rs rs).

Além dessa diversidade de ritmos entre músicas, constantemente se ouve isso dentro de uma mesma música, o que me parece ser único deles. O resultado é incomparável.

Claro que nem tudo desse grupo é bom, eu não gosto do álbum Coda, por exemplo, mas os demais considero excelentes.
As décadas de 60 e 70 foram únicas na música. Acho pouco provável de termos em qualquer tempo futuro um período tão rico como este. Eles gravaram seus álbuns nesta época e influenciaram muita gente nesse período efervescente. Mesmo os grupos covers deles são bastante interessantes, como o Dread Zeppelin, mas o meu preferido, apresentado pelo meu grande amigo Fernando é formado só por mulheres, o Zepparella:



http://www.youtube.com/watch?v=xH-_9cwdLug