domingo, 20 de maio de 2012

Arthur C. Clarke:


Ficção científica normalmente tende para o fantástico ou a falta de conexão com a realidade. Quem não se lembra do som de tiros de laser no vácuo em Guerra nas estrelas ou do teletransporte em Jornada nas estrelas. Supondo que fosse possível o teletransporte, quem ia encarar, sabendo que será exterminado para a geração de uma cópia? É lógico pensar que uma vez transformado em sinal eletromagnético ou o que quer que seja, o que nasceria na outra ponta não seria nada mais que uma cópia e não a pessoa de fato. Pense que com esta tecnologia seria possível gerar vários a partir do original em diferentes lugares, logo é de se deduzir que seriam cópias
Bom, Arthur Clark não compartilhava destas fantasias, ele escrevia respeitando as leis da física e a realidade. De toda a sua obra, três livros primam pela excelência: O fim da infância, 2001: uma odisséia no espaço e Encontro com Rama. Estes dois últimos geraram uma série de 4 livros cada.

O fim da infância é desalentador. Apesar de muito bom, não recomendo para quem está começando em ficção científica. Este livro nos deixa com uma sensação de perda, sensação que só se compara a Tau zero de Paul Anderson.

2001 é um livro que nasceu a partir do roteiro do filme (normalmente é o contrário) e na sequência foram escritos 2010, 2061 e 3001, estes dois últimos tive de importar, pois não havia, na época, edição em português. Hoje já existe. O filme 2001 é diferente do livro em alguns aspectos, no filme a viagem é para Júpiter e no livro é para a lua Japetus de Saturno. Este livro prende a atenção já no primeiro parágrafo, é muito interessante e possui um ótimo argumento. O conto O sentinela do autor é que deu a idéia para o livro/filme.

A série toda é muito boa, mas o primeiro é imperdível, esqueça o filme, o livro está muito acima. A genialidade do escritor se traduz, por exemplo, em um dos maiores saltos de tempo da ficção, de nosso passado ancestral para o futuro repleto de tecnologia.

Encontro com Rama também possui um argumento genial. Na época também tive de importar os dois últimos e ler em Inglês, o que não é a mesma coisa. Hoje já são encontrados em português.

Na sequência do primeiro temos: O enigma de Rama, O Jardim de Rama e A revelação de Rama. Estes três últimos com a contribuição de Gentry Lee.

Os livros de Arthur Clarke são densos e cheios de informações corretas a respeito de física e da realidade. A leitura de suas obras desperta a curiosidade e ensina sobre coisas as quais não aprendemos na escola, mas que enriquecem o nosso conhecimento e nos deixam maravilhados com o Universo.

Ele foi mais que um escritor de ficção científica. Foi o primeiro a sugerir um satélite em órbita geoestacionária e propôs a construção do elevador espacial, que hoje com a evolução dos materiais baseados em carbono, sua possibilidade está sendo considerada seriamente pela comunidade científica. Esta idéia foi explorada em seu livro As fontes do paraíso.

Ainda existem muitos títulos deste autor sem tradução para a nossa língua, o que é lamentável.

Cansado de ser sondado pelos repórteres se ele seria o melhor escritor de ficção científica do mundo, melhor que Isaac Asimov (Asimov também tinha de conviver com esta recorrente pergunta), combinou com ele que cada vez que um deles fosse questionado a esse respeito, afirmaria que o outro seria melhor.

Além de tudo era um cara divertido, adorava mergulhar e para isso foi morar no Sri Lanka (Ceilão) já em 1956.

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